Tons de rosa

O universo feminino é rosa.  Aprendemos assim. Mas observei que esse rosa vai mudando de tom ao longo da  vida, como numa linda metáfora, cheia de significados.

Quando a gente nasce, o rosa é bem suave e traduz doçura, ingenuidade, serenidade.  Nessa fase tudo é fofo, gostosinho, cheirosinho e macio.  Tudo à nossa volta deve ser leve e é assim que o mundo nos é apresentado.  Nesse cenário, nos ensinam o pacote: os modos, o jeito, os sentimentos, as reações, as expectativas, as perspectivas e todo o arsenal que nos é passado pelas mães, avós, tias, irmãs e primas para sermos boas meninas. Muitas de nós seguem a vida perseguindo esses padrões e lutando contra seus desejos.

Ainda fico espantada como a gente tende a perpetuar esse estereótipo mesmo nos dias de hoje, com todas as conquistas femininas e todos os desejos que nos são permitidos. Ainda assim, caímos todas na mesma armadilha.  E assim a gente vai crescendo e treinando para ser mulher, mãe, dona de casa e uma mega profissional. Claro que tudo ao mesmo tempo.   Sempre acompanhadas do rosa, mesmo que seja lá no fundo e que não tenhamos muita consciência dele.

No início da puberdade o tom “esquenta” e a gente adora um “Pink” ou um rosa chiclete.  E lá vamos nós enfeitadas de rosa nas unhas, sapatos, bolsas, roupas e vários acessórios.

Assim como a cor, esquentam os sentimentos e todas as histórias sobre princesas e seus príncipes, que ouvimos quando pequenas, não passaram sem deixar suas marcas.  Sonhamos no nosso universo rosa, enquanto vivemos no mundo de tantas cores. Conflitos? Temos para todos os gostos.

Os anos de rebeldia passam. O rosa vira vermelho e vêm as paixões, o amor, o casamento e a vida adulta, onde chega a nossa vez de passar o legado rosa para as novas meninas.

Na vida adulta, ainda doces e meigas, aprendemos que mesmo com tanta delicadeza dentro de nós, a vida nos mostrou que precisamos ser fortes para defender a “cria” e para ganhar o pão de cada dia.

Mais do que o universo rosa da “tradição” e de tanta expectativa, o que queremos hoje ensinar às nossas meninas é que precisam saber se defender, não depender de ninguém, ter a sua individualidade, seus próprios sonhos, seus objetivos, suas conquistas e ainda assim ter a doçura do rosa bebê bem lá no fundo.  Tudo isso sem culpa. Afinal, conquistamos o direito de contar novas histórias para as meninas que estão chegando.

A maturidade nos traz a percepção de que o rosa agora está diferente.  Ele ganhou outro tom.  Vai mais para o rosa seco… um rosa antigo.  Um rosa de quem foi aparando as arestas e deixando os excessos no caminho.  Um rosa de quem foi entendendo que ser mulher é ser ao mesmo tempo delicada e forte, suave e leoa, calma e um furacão.

Na maturidade a gente entende que ser mulher é ser sempre, lá na essência, a doce menina cheia de esperança e sonhos, que aprendeu que no seu peito cabem todos os tons de rosa, um para cada situação, porque temos todas elas dentro de nós. Tem coisa mais simples do que ser mulher?

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